terça-feira, 16 de agosto de 2011

A varanda dos Solanos- Parte I

Noutro dia, uma - muito estimada - seguidora deste blog dizia-me"tens um fraquinho por varandas, não tens?".
Tenho.
Acho-as sedutoras, simbolizam o valor do "ar livre" numa civilização tão "encaixotada". É um pequeno pedacinho de "rua" que podemos ter sem sair de casa (na cidade), às vezes a muitos metros de altura, o que lhe dá um certo toque de irreal.
E é por isso que para mim é incompreensível ter uma e não aproveitar! Por mais pequena que seja, há sempre qualquer coisa que se pode fazer para criar um ambiente adicional na casa.
Esta é a 1ª parte da história do meu primeiro projecto de varanda (não contando com aqueles em que a cliente fui eu e a minha família :)).

As imagens do ANTES:



Uma varanda vulgar, como existem milhares nesta cidade.
Sobretudo, uma varanda não usada.
E eu quis oferecê-la a um casal amigo (aproveitei que estavam de férias; bem, a amiga acabou por ter de ser envolvida, para minimizar o risco de fazer obra em casa alheia, mas não lhe disse o que ia fazer!...).

Ponto de partida:
Medidas: 2,20cm x 1,09cm
Orientação solar: Nascente
Paredes: uma, totalmente ocupada pela porta-janela (i.e., varanda totalmente suspensa, sem paredes laterais)
Gradeamento em ferro preto.
Pavimento: mosaico, descaracterizado, sem qualquer ligação ao interior da sala.

Projecto/conceito: criar um ambiente agradável para estar, tomar um café, uma refeição ligeira, ler o jornal...confortável, acolhedor, uma extensão natural da sala onde apetecesse estar.
Condicionantes: No "briefing" com a dona da casa, foi-me pedido que mantivesse o depósito que servia para apanhar o pingo do ar condicionado e ainda uma estrutura vertical, em plástico verde-escuro (não tirei foto na altura, mas vê-se na 1ª imagem, do lado esquerdo) para cultivo de plantas aromáticas.

Mobiliário:  mesa e duas cadeiras da IKEA (ver aqui o post que inspirou a escolha da proprietária pelo conjunto Tarno), em madeira acácia maciça, boa para exterior, com pés em ferro preto. Tenho um destes conjuntos há anos e continua funcional e em boa forma...

Pavimento: deck, em madeira bangkiari, em peças de 1mx1m (AKI).
Tinha de ser, qualquer trabalho que fizesse ali, sem mudar aquele pavimento, nunca iria ter um resultado satisfatório nem conseguir alcançar o objectivo de tornar a varanda numa extensão (convidativa) da sala. O deck elevou o nível do pavimento da varanda que ficou praticamente ao nível do chão da sala, favorecendo claramente a sensação de continuidade (embora os materiais sejam diferentes, funciona como uma espécie de tapete que apetece pisar).

Dia #1
Depois de descarregar todo o material, fiz a simulação no próprio espaço (cabia tudo e tudo resultava bem) e coloquei a bordadura (sistema de retenção para os pedriscos que iria usar, da mesma madeira do deck).
Comecei logo por ensaiar a solução para esconder o depósito...não o podia deixar ficar à vista, não acham?

foto tirada já no final do projecto porque me esqueci de registar o antes completo...

E ensaiei várias soluções para o esconder (aqui usei um cachepot que estava lá em casa, virado ao contrário, cobrindo o depósito à justa, só para ver se poderia usar uma solução desse tipo, até podia servir de pufe...).
Problema: era um obstáculo - físico e visual - demasiado grande para a circulação, sendo aquela a porta-janela que é naturalmente usada para aceder à varanda...

E ainda tinha de arranjar uma solução para diminuir o impacto visual deste monstrinho...(os aparelhos de AC são uma autêntica praga nas nossas cidades!)


Em baixo, vê-se o final do primeiro dia de trabalho.
Como chuviscava, o tratamento da madeira (várias demãos com velatura própria para madeira exterior) teve de ser feito dentro de casa.
Mas já prometia...

Dia #2
No dia seguinte preparou-se o chão para receber o deck (drenagem, anti-derrapante,...), colocou-se o dito pavimento e fez-se o remate a pedras (25kg!).
Estão a ver o efeito tapete-que-apetece-pisar já a funcionar?

Depois, foi só colocar a mesa e as cadeiras e tudo começou a compor-se!!!! (do lado direito, pode ver-se a tal estrutura vertical para cultivo de plantas aromáticas que foi preciso manter, a pedido da proprietária e que viria a dar o mote para a decoração final com as espécies vegetais escolhidas)!
É assim: quando temos uma peça difícil para integrar, ou se esconde ou se assume orgulhosamente!

O trabalho foi feito aos serões, e, neste dia, foi difícil vir embora, foi ficando escuro, cada vez mais escuro...!
 

É sempre bom ver um projecto tornar-se realidade e resultar ainda melhor do que o planeado! Era o que estava a acontecer aqui!

Nota: no dia seguinte viria a inverter a posição do pavimento (deixando a bordadura a pedras mais larga para o lado direito, da porta que menos se abre. E, assim, dar todo o protagonismo ao principal responsável pelo sucesso do resultado final: o deck!).

Dia #3
Ainda havia muito a fazer! De imediato, era preciso arranjar uma solução para o depósito do pingo!
Aproveitei a hora de almoço para ir às compras e encontrei esta lanterna...




"É mesmo o que eu preciso, não acham? E tem a medida certa! 20cm de lado!"
Foi neste momento que tomei uma importante e irrevogável decisão: o depósito não ia ser escondido, ia ser substituído! Só tinha de arranjar uma peça capaz de desempenhar o mesmo papel mas de uma forma elegante!

E o que é que uma lanterna tem a ver com isto?

No próximo post sobre o tema contarei tudo e vamos ver como foi ficando a varanda!!!!

História completa:

Parte II
Parte III